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Criador do tópico

RWies

Aprendiz

#205399 Oi, pessoal.

Devem ter notado que eu andei sumido. Sim, eu estava trabalhando no Acampamento Nosso Recanto – NR, para os mais íntimos – na temporada especial dos diabéticos (ADJ-Unifesp), banido por motivos excusos, mas... Eu voltei. E blindado contra tudo!

Ok, vamos aos detalhes, não é mesmo?

Essa temporada é composta apenas por acampantes diabéticos. A gigantesca maioria dos monitores também o é – e eu me incluo nessa maioria. Isso faz com que seja necessário um grande número de profissionais da área de saúde: médicos, enfermeiros, psicólogos e educadores físicos. Então, cada quarto tinha um desses representantes, num total de doze quartos, além de alguns profissionais excedentes.

No dia 26/01, eu fui até o escritório do acampamento, em São Paulo, para verificar as fichas dos acampantes e conhecer a equipe que iria trabalhar comigo. Eu soube que o monitor que ficaria comigo no quarto era um sujeito legal, que já tinha sio monitor comigo anteriormente, a enfermeira era boa pessoa... e a médica era uma gostosura, com o perdão da expressão!

Tanto fazia, sabem como é... Onde se ganha o pão não se come a carne. Então, simplesmente fiz o meu trabalho no escritório, voltei para casa, arrumei a mala e me preparei para o acampamento.

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No meu último relato, a galera tinha me falado sobre usar de mentiras e materiais que não eram condizentes com a minha pessoa. Decidi, então, mudar drasticamente: nada que não fosse meu.

Tudo bem, eu usei algumas “rotinas”, como a 1-4, sob a camuflagem de mágicas, mas... Eu não menti. Bem, acompanhem essa porcaria.

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Dia 1

O primeiro dia de acampamento é sempre desgastante. Você sai da rotina, viaja pra caralho em um ônibus, já tendo que tomar conta das crianças, que, ainda estão tímidas, e sempre deve sorrir. Não é difícil, apesar de parecer, mas cansa.

A nossa amiga médica apareceu, e informou à monitora responsável pelo ônibus que iria em um carro separado, mas a mala dela iria no ônibus. Não muda muita coisa. Ok, chegamos ao acampamento, sem problemas, dividimos as equipes nos quartos, desfizemos as malas e eu acabei liderando o quarto – ou seja, ficando como monitor responsável pelo quarto.

Não que seja algo muito fenomenal, mas liderar seis meninos entre 9 e 10 anos, todos com diabetes, e um deles com um problema psicológico de relacionamentos sociais... Não é tarefa fácil.

Eis que, bem, “lidere os homens e as mulheres virão até você”.

Eu sempre tive, para ajudar, fama de monitor divertido, palhaço, brincalhão, e que ficava responsável pelo teatro final da temporada. Ajudou tanto que, em pouco tempo, duas enfermeiras começaram a me dar bola.

Lembre-se, onde se ganha o pão não se come a carne.

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Dia 2

O dia em que tiramos a foto do grupo:

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Veja bem ali, no canto inferior direito, a contar do gordão da direita, na mesma fileira, para a esquerda, a segunda cabeça. Sou eu! Lembrem-se também do prédio ao fundo.

Depois da foto geral, a atividade do dia foi o chamado Rali na Lama, uma atividade tradicional, que, para as crianças, é incrivelmente legal, pois o objetivo dela é simplesmente... se sujar! É engraçado, mas a maioria dos profissionais também participa do rali, e é nesse ponto em que volto a relatar.

Eu tinha sido escalado no final do rali, para encaminhar as pessoas para a ducha e tirar a maior parte da lama. De idiotice, não peguei a roupa especial, e fui para o local com o uniforme do dia – branco.

Uma das nutricionistas e as duas enfermeiras que estavam me dando bola, então, resolveram me sacanear: eu, de uniforme branco, fui abraçado por elas, todas enlameadas. Tá, muita gente riria, eu inclusive ri na hora – e chorei quando tomei a carcada do gerente do acampamento OHAEOAEHAEOAE – mas o que eu notei foi a cara de ciúmes da nossa amiga médica...

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Dia 3

Agora a história começa a ter algum fundamento.

O terceiro dia era o dia da esperada Festa do Havaí, na qual, além das óbvias danças de palco, como Tunak Tunak Tun e Cha-Cha Slide, ocorre uma brincadeira chamada Alfa.

Alfa escreveu:As meninas fazem um círculo grande, olhando para dentro. Os meninos fazem outro círculo na parte interior do círculo feminino, olhando para fora. Então, a menina à sua frente será seu par.

Quando o locutor da festa disser “Alfa!”, os meninos vão trocar seus pares pela menina que estiver à sua direita.


Eu acabei, como monitor exemplar, dançando a maior parte do tempo com acampantes e profissionais. Eu não sou um dançarino magistral, mas consigo conduzir bem a mulher. Em determinado momento, eu caí para dançar com a senhorita médica, não?

Ok, mão na cintura, cheek-to-cheek, começa uma conversa interessante...

Ela: Então, você vem sempre aqui?
Eu: Esse xaveco não é meio manjado? *Risos*
Ela: Não, bobo, eu quero saber há quanto tempo você vem ao acampamento!
Eu: Bom... Eu venho desde 2005 como acampante, e em 2009 virei monitor... Então você faz as contas. E você...?
Ela: É a primeira vez...
Eu: Ah, sempre a primeira vez... Vai ser inesquecível, ainda tem muita coisa para acontecer!
Ela: E você faz isso pra viver?
Eu: Não, tô esperando o resultado do vestibular e faço uns bicos como mágico.
Ela: Nossa, que legal, você é mágico! Faz uma mágica pra mim?
Eu: Talvez, se você se comportar, mas...

Nesse exato momento, o locutor grita ALFA!, e eu tenho que me separar dela.

Não teve muita coisa, mas foi a primeira vez que ela decide descobrir algo sobre a minha vida. Realmente gostei disso.

No horário dos controles noturnos – três da manhã, e um dos monitores, dessa vez, eu, tem que levantar para auxiliar a equipe médica – ela começa a conversar comigo sobre amenidades, para espantar o sono. Nada demais, sério, mas eu aproveitei e percebi que ela tinha trocado de aneis. Mostrando o meu poder de observação, perguntei o motivo da troca. Ela apenas sorriu e não respondeu. Quem se importa?

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O Ronaldo é o cara de camisa preta, ridícula. Coisas de monitor... Infelizmente, essa foto é a dos monitores responsáveis pela festa, a nossa amiga não está aí!

Durante a festa, notei que ela e o outro monitor do meu quarto não se desgrudavam. Notava ele fazendo brincadeirinhas de cutucar e tal, e ela reservada. Eu fiquei com ciúmes? Não. Lembre-se: onde se ganha o pão, só se mordisca o presunto...

Ela, durante os controles noturnos, me conta que o monitor ficou se insinuando para ela, com brincadeirinhas bestas, e disse que não entendia o motivo daquilo. Eu estava bastante sonado mesmo, – três da madrugada!!! – então, respondi que era coisa de homem, principalmente coisa de homem que não sabia como seduzir direito e tentava com as armas erradas. Dei um pequeno panorama de onde ele errava – queimando o cara? – e voltei a dormir.

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Dia 4

Nesse dia, nós tiramos a foto das equipes, que serviria, posteriormente, para a escolha dos premiados da temporada.

Gostaria que atentassem para a loira ao meu lado, principalmente na linguagem corporal dela. Sim, é a nossa amiga.

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Lembrem-se também dos acampantes na ponta direita, o de bermuda clara e o de cabeça raspada. Eles vão ter papel fundamental.

Nesse dia, tivemos a famosa Micareta NR, é um evento no qual sai um trio elétrico pela cidade de Sapucaí-Mirim – é uma cidade de primeira, se você engatar a segunda marcha chega à rodovia – jogando água, tocando músicas de carnaval, aquela coisa normal. Os monitores, é claro, ficam de agito, exceto aqueles que ficam para trás, certificando-se de que nenhum acampante se desgarrou. Eu fiquei nessa categoria, de ficar para trás. Assim, eu pude notar que ela sempre dava um jeito de virar para trás e me olhar. Tudo bem, isso está começando a ficar interessante.

Como os acampantes, já sabendo que a temporada estava no fim, ficaram muito desanimados, fiz um show particular de mágicas para eles. Coisas simples, com elásticos, tampas de garrafa e baralho, no quarto, antes de dormir. As notícias correm, né? Adivinhem quem ficou sabendo... Ok, vamos prosseguir.

À noite, tivemos a escolha dos premiados para todos os prêmios – ah, vá? – da temporada, dentre eles, o de Melhor Acampante. O acampante de bermuda clara na foto – lembra dele? – ficou com a mesma quantidade de votos do que os outros mais votados. Empate triplo. Então, enquanto o mais velho ganhou o prêmio de Melhor Acampante, os outros dois ganharam o prêmio de Melhor Acampante Jovem. Quer algo melhor na temporada, seja para um monitor ou um médico responsável? Calma, ainda não terminei o relato!

Durante esse dia, o mesmo acampante escolhido teve um acidente na Marcenaria – projeto cultural, assim como o teatro –: pó de serragem entrou no olho dele. Isso causou uma irritação e uma infecção bacteriana. Daí, o tio monitor e a tia médica têm que passar mais tempo juntos, cuidando do bacuri.

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Dia 5

Ok, último dia “inteiro” de temporada – o dia seguinte já seria o dia de retorno para São Paulo – e já sabendo da escolha da premiação, seria o dia da cerimônia de encerramento, apresentação do teatro, da dança – outra atividade cultural – e da última balada do acampamento.

Tudo bem, o próprio dia amanheceu estragado: NUBLADO. Parecia que seria um dia deprimente... Eis que surge o monitor Ronaldo, com sua performance no teatro...

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É, sou eu!

... e o segundo acampante da foto já mostrada anteriormente, como Homem-Aranha!

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Olha o menino aí, do lado da Mulher Maravilha!

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Todos os atores do teatro

Durante o teatro, os personagens Coringa – eu –, Homem Aranha – meu acampante –, e o Batman – acampante escolhido como destaque do teatro – roubamos, nitidamente a cena.

O próprio diretor do acampamento veio me cumprimentar, coisa que, no ano anterior, não tinha feito, apesar de eu ter o mesmo cargo e a peça também ter sido um sucesso. O meu quarto fez uma ovação gigantesca quando eu e o Homem Aranha entramos para tirar as fantasias e maquiagem, e ela, mesmo se borrando com a minha maquiagem, me deu um abraço muito apertado.

Para aumentar o meu ibope, quando eu entrei no refeitório, para o jantar, muitos acampantes, monitores e profissionais – inclusive a nutricionista e as enfermeiras do episódio do Rali na Lama – vieram me cumprimentar. Massagem no ego é bom, mas não é legal deixar a fama subir à cabeça. Lembrei disso e tratei de manter um low profile.

Durante a festa de encerramento, bem, os profissionais e monitores são condecorados, assim como os acampantes escolhidos. Agora temos uma enxurrada de fotos...

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Cantoria da cerimônia. Notem os tênis amarelos... É, algumas coisas não mudam!

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O Tio Ronaldo recebendo a condecoração de monitor, é tradição mesmo.

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Os acampantes vencedores do prêmio de Melhor Acampante Jovem, junto com seus monitores e agregados.

Ok, grande cerimônia. Na condecoração da equipe médica, os monitores entregariam os prêmios. Obviamente, eu me antecipei ao outro monitor e fui entregar o prêmio à ela. Aproveitei, dei um grande abraço – daqueles de tirar do chão, cena de filme mesmo! – e ouço ela dizer “Meu Coringa!!!” no meu ouvido. Enquanto coloco o broche, respondo “Seu? Veremos...”

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Condecoração dos médicos

Não é por nada, mas agora, qualquer um podia notar que tinha algo rolando. A minha mãe conta que, vendo as fotos (essas mesmas que eu estou mostrando) imaginou que eu estivesse “me agarrando à ela pra matar as saudades de casa”. Imagine quem via o que acontecia direto?

Legal, vamos para a balada fashion! Troquei a camiseta da temporada por uma camiseta com o estilo debochado – é a minha cara, sério – e fui arrasar na pista de dança.

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O monitor paraguaio Pablo e eu, dançando durante a festa.

Novamente teve o Alfa e eu, claro, agora, já com segundas intenções, me programei para dançar com ela. Agora, nada estilo “dancinha respeitosa”. Aproveitei para emendar giros e acrobacias com ela. Viram o programa ElimiDate, com o artista Grimble? Bem, fiz algo assim com ela no momento. Ela ficou boquiaberta, e disse que eu lhe devia uma mágica. Falei que, como ela tinha se comportado, merecia a mágica, e que eu faria depois.

Depois dessa balada, os acampantes foram dormir, e os monitores e profissionais tiveram uma festa particular, silenciosa, regada à cerveja, sorvete, pizza e salgadinhos. Adivinhem qual French Kiss eu fiz para a médica?

Durante a festa, ela me conta que, durante o teatro, quando o Homem Aranha entrou no palco, ela sentiu uma emoção muito grande, como se fosse o filho dela no palco. Então, aproveitando a deixa, disse que, se ele fora meu acampante, tanto no quarto, quanto no teatro... Também era meu filho. Ela mesma completou, sorrindo, dizendo “nosso filho!”. Oh, bem... Tá. Preciso falar mais algo?

Ela não ia ficar comigo na frente de todos, é óbvio. Então, bem, espere a maioria dos caguetas – sim, eles existem! – ir dormir e isole-a, em um local interessante... Lembram-se da foto de grupo, que eu mencionei o prédio ao fundo? Oras, veja ele aí...

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O famoso Village

O terceiro andar dele é um salão de uns 150m², com lareira, climatizado, sofás, mesas, bandeja com frutas e geladeira com água e suco. Normalmente, ele é usado para as reuniões da diretoria, e demos sorte de encontrar a porta destrancada.

Acham que eu a peguei ali mesmo? Poderia. Mas não seria NADA a minha cara.

Simplesmente a chamei para dançar. Dança vai, dança vem, rostos quase colados, aquela proximidade física... Não precisei de nada além de virar o rosto na direção dela para um beijo.

E foi “só” isso. Não fizemos sexo porque, quem em plena sanidade leva camisinhas para um acampamento infantil?

Gostaria de ouvir – ler, no caso – de vocês o que acharam. Acho que finalmente me libertei dos grilhões do jogo pronto e das mentiras.

Apenas liderei os meninos e me mostrei um bom monitor, ético a ponto de querer evitar um relacionamento amoroso no ambiente profissional... E, bem, funcionou. Acho que essa sensibilidade vem com o tempo, ou torna-se inconsciente. O que acham? Respondam e eu lerei!

Abraços!